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terça-feira, 14 de maio de 2013

Pichadores desafiam a polícia

A ousadia dos pichadores parece não ter limites. Nem mesmo a movimentação diária de uma das vias mais importantes de Belo Horizonte intimida os “alpinistas”. Exemplo é um prédio localizado na Rua Tapajós com Avenida Amazonas, no bairro Nova Suíça, Região Oeste da capital. Além de sujar e estragar a pintura do imóvel, o grupo deixou um recado para a polícia: “Prenda-me se for capaz. BM”, assinaram os vândalos.
   
Pichadores em Belo Horizonte desafiam a polícia (Foto: Alex Araújo / G1)Pichadores em Belo Horizonte desafiam a polícia (Foto: Alex Araújo / G1)
 
Para chegar ao topo do edifício, eles escalaram aproximadamente nove metros de altura e também não tiveram receio de ser flagrados por uma câmera do programa “Olho Vivo”, que fica a cerca de 20 metros do local pichado.
De acordo com o capitão Lucas Pinheiro, comandante do 22º Batalhão de Polícia Militar, que faz o policiamento na região, a maioria das pichações é feita durante a madrugada. Pinheiro disse que, quando os suspeitos são pegos em flagrante, são levados para a delegacia e o material é apreendido.
Mas segundo o comandante, é difícil localizar os proprietários dos imóveis pichados e, quando encontrados, a maioria prefere não fazer representação junto à autoridade policial. “Aí não tem como a Polícia [Civil] dar prosseguimento e encaminhar a ocorrência para a Justiça tomar as providências”.
Para ele, as pichações são recorrentes porque o sistema de punição é brando e existe uma competição entre os grupos de quem picha o lugar mais alto. Eles tentam sobressair-se ao outro, em local de menos acessibilidade. “A grande maioria é de adolescente que gosta de se aventurar”.
Ele falou que pichar é crime porque é dano ao patrimônio. Pinheiro disse, ainda, que o patrulhamento é feito 24 horas por dia, com passagens periódicas.
 
Criação de delegacia contra pichações
O chefe da Divisão Especializada de Proteção ao Meio Ambiente, delegado Afrânio Lúcio Vasconcelos, disse que os pichadores são enquadrados como criminosos ambientais e podem pegar de três meses a um ano de prisão.
O delegado contou que a Prefeitura de Belo Horizonte encaminhou um projeto ao comando da Polícia Civil sugerindo a criação de uma delegacia contra crimes de pichação. Ele disse que Belo Horizonte é considerada uma das cidades mais pichadas do país
Para o delegado, as avenidas Amazonas e Silviano Brandão são os dois corredores onde há mais imóveis pichados na capital mineira. De acordo com ele, adolescentes fazem disputas nas redes sociais. A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual fizeram operações para desarticular este tipo de criminalidade marcada na internet, mas, segundo o delegado, a lei é branda e a maioria das punições é revertida em pagamento de cesta básica ou prestação de serviços comunitários.
 
Pichação em prédio no bairro Nova Suíça vista por outro ângulo (Foto: Alex Araújo / G1)
 
De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, o combate à pichação está previsto no "Movimento Respeito por BH", que visa o ordenamento e a correta utilização do espaço urbano, por meio do cumprimento e efetiva aplicação da lei, despertando a civilidade do cidadão belo-horizontino.

Três pilares norteiam o trabalho de combate à pichação:
1 - Prevenção: despertar nas crianças e jovens o sentimento de pertencimento à cidade e consequentemente, o cuidado com o patrimônio, a valorização dos bens públicos, o respeito aos bens privados. Essa frente conta com projetos educativos de mobilização e formação de multiplicadores de boas práticas nas instituições de ensino do município e de revitalização de espaços/equipamentos públicos.

2 - Compreensão: entender o que motiva o pichador e propor alternativas de manifestação.

3 - Repressão: convênio com órgãos de segurança e do judiciário para que sejam estabelecidos os trâmites legais para punição célere, por meio da justiça restaurativa, prestação de serviços voluntários, recuperação do bem pichado (público ou privado) e multa. Para isso, está em fase estudo a possibilidade da criação de uma delegacia especializada em crimes ambientais urbanos.

Neste ano, para reforçar a política de combate à pichação no município, estão previstas novas parcerias e metodologias para o trabalho educativo, a revitalização do Viaduto Santa Tereza e a implantação da delegacia especializada.

Paralelamente às frentes de prevenção, compreensão e repressão, há a limpeza dos equipamentos municipais alvos da pichação. Nos últimos dois anos, foram feitas aproximadamente 50 remoções em escolas, unidades de saúde, praças e equipamentos de políticas sociais, totalizando 13.175 metros quadrados de área limpa e quase 1,5 mil litros de tinta.
No que diz respeito a viadutos, trincheiras e muretas, apenas em 2012 foram mais de 4 mil metros quadrados limpos, com um custo de R$ 237 mil. Esse tipo de serviço é rotineiro e entra no planejamento de limpeza e manutenção da cidade.
 
 
 
G1

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